terça-feira, 3 de abril de 2018

Primeiras Impressões- "Ginga Eiyuu Densetsu: Die Neue These - Kaikou"

   

     Este será o primeiro post de primeiras impressões do blog. Nele irei falar de “Ginga Eiyuu Densetsu - Die Neue These” (que passarei a tratar como Legend of the Galactic Heroes). Uma nova adaptação das novels de Yoshiki Tanaka. O anime gera curiosidade pelo fato da adaptação anterior (de 1988) ser o anime antigo com maior posição no Myanimelist, e um dos que você mais facilmente vai encontrar no top 10 de pessoas que viram mais de 1000 animes e assistem animes de todas as épocas. O post primeiro irá falar do primeiro episódio deste novo anime, e terá uma segunda metade dedicada a comparações com o primeiro episódio da versão antiga.

     O episódio começou com uma bela narração sobre o conflito principal e a divisão de potências no universo, e em seguida com um diálogo entre dois amigos (Reinhard e Kircheis) de uma frota do Império Galático. O diálogo é um pouco estranho porque ele tem uma rápida troca de palavras sobre estrelas, aí começam a falar sobre a altura do Kircheis e aí Kircheis informa sobre a situação da batalha que está por vir e as condições dos dois lados.
     Pouco depois temos um momento onde alguns homens mais velhos tem uma “audiência” com Reinhard para alertá-lo sobre a situação desvantajosa em que o exército do império se encontra, mas Reinhard mostra que estão enganados e assim começamos a perceber algumas características do personagem como a imponência e inteligência. Apesar de ser um diálogo bem sério sobre táticas de guerra, não é nem de longe algo maçante. E logo em seguida vemos uma conversa entre tais homens em uma espécie de metrô estranho, onde demonstram raiva da insolência de Reinhard (mas também reconhecendo parte de seu potencial) e fazem uma menção sobre sua irmã que só será melhor entendida em episódios posteriores.
     Uma coisa destacável é como logo de cara vemos que há uma conexão forte entre os amigos Reinhard e Kircheis. Somando isso a um momento da abertura onde aparecem os dois quando crianças, podemos ficar na expectativa de uma bela contextualização para a amizade deles. Ainda assim, tenho algumas ressalvas sobre, que deixarei para quando for comparar com o primeiro episódio da versão antiga.
     Em seguida começa a batalha entre o exército de naves do Império Galático e da Aliança dos Planetas Livres. O CG pode causar estranhamento a algumas pessoas, mas aparentemente está bem feito e gera expectativa para mais batalhas interessantes. O episódio é quase todo centrado no exército do Império, dedicando pouco tempo para a Aliança, mas ainda assim vemos um pouco do lado dela e exploram-se os dois lados da batalha no momento, só que mais predominantemente o Império. A Aliança só deve mostrar melhor à que veio no próximo episódio.
     Porém, o ponto alto do episódio são seus últimos 3 minutos (antes do encerramento). Reinhard sente que as coisas estão sob controle, mesmo Kircheis questionando a probabilidade de haver alguém equiparável a ele do outro lado da batalha. Ok, o que viria a seguir é previsível, mas ainda assim ocorreu de forma interessante. As naves do Império recebem uma mensagem de voz de um misterioso Comodoro chamado Yang Wenli, que com uma voz que passa um ar de bastante segurança, afirma que está assumindo o controle da frota da Aliança e que todos devem seguir suas indicações se quiserem viver, e afirma que apesar de parecer em desvantagem, o que importará será vencer no final. Reinhard fica atento, mas não se intimida a princípio. Porém, pouco depois se levanta de seu “trono” (aquilo é feito de ouro, lol) e percebe que as coisas parecem estar começando a tomar um rumo preocupante. E o episódio encerra com Yang Wenli de costas ajeitando sua boina na cabeça.
     No geral, foi um bom primeiro episódio. Ainda não se sabe quase nada dos dois lados da guerra, já que o episódio praticamente inteiro se passa dentro das naves ou olhando por fora alguns momentos da batalha entre as frotas (não sei exatamente onde fica aquele “metrô” que os caras usaram naquela cena que eu comentei) mas o importante é começar apresentando alguns dos personagens e o início do primeiro confronto entre os rivais principais do anime, para que assim possamos nos interessar em compreender melhor o contexto geral, além de dar aquela vontade de ver mais daqueles personagens.
     Quanto à produção... bem, isso é o que está preocupando muitas pessoas. O episódio está bem animado, e o CG não está malfeito. Não tenho muito o que dizer das atuações de voz em geral, mas Mamoru Miyano está fazendo um bom trabalho como a voz do Reinhard. É engraçado porque quando o anime foi anunciado eu realmente havia pensado nele, e me surpreendi quando anunciaram que seria ele mesmo quem faria a voz do Reinhard. A do Yang está até um pouco parecida com a da versão antiga, mas ele falou pouco então ainda não posso opinar muito sobre. Quanto aos character designs... sim, é aqui que entre a polêmica. Você dificilmente vai achar um fã da história (seja das novels ou do anime clássico) que tenha achado muito adequado o visual bishounen dos personagens. Os mais acostumados a animes modernos ou que apenas não viram a versão antiga certamente não vão se importar.
     Vale a pena a conferida. Eu esperava um desastre, mas por enquanto não há tanto do que reclamar, embora nitidamente não vá ser equiparável à versão antiga. E falando nela, irei deixar meu posto de pseudo-crítico imparcial para comparar com o primeiro episódio do anime clássico, que eu gosto muito e aceito considera-lo como o melhor anime que já vi, apesar de não estar entre meus favoritos por razões pessoais. Sinta-se livre para ignorar o que estiver abaixo se quiser.

COMPARANDO COM A VERSÃO DE 1988



     Apesar do novo anime não ter deixado muito a desejar como obra individual, ele pode causar um pouco de estranhamento. Enquanto temos um diálogo bem esquisito entre Reinhard e Kircheis, no antigo temos um diálogo realmente bonito e até filosófico a respeito das estrelas, a impressão que se tem sobre elas, e o que é aquela guerra em comparação ao brilho daquelas estrelas. E só se fala o básico necessário sobre a situação do momento em seguida.
     Outro detalhe é que, enquanto no primeiro episódio do anime clássico se dá um pouco mais de atenção para o lado da Aliança em comparação, e temos participação ativa de Yang Wenli no episódio, a nova versão começa quase inteiramente focada no lado do Império. Eu particularmente prefiro o Yang tendo aparição e diálogos explícitos logo no primeiro episódio e que explorem o lado da Aliança, mas não chego a achar que foi uma decisão ruim da nova versão mostrar o Yang apenas no final como aquele que irá bater de frente com Reinhard. Vai depender um pouco do próximo episódio também, já que a coisa pode se inverter e podem mostrar mais o lado das frotas da Aliança. Só que eu realmente acharia melhor que dessem atenção igual aos dois lados desde o princípio para logo de cara sentirmos que Yang e Reinhard tem o mesmo protagonismo na história, ao invés de parecer que Reinhard será o protagonista principal e Yang será só seu antagonista.
     Como eu havia dito, o episódio inteiro da nova versão se passa dentro dos ambientes fechados das naves, ou mostrando por fora a batalha, enquanto na versão antiga temos alguns momentos que se passam em planetas. Há um momento onde vemos o ponto de vista de um homem influente do Domínio de Phezzan (ou Fezzan) que é uma potência à parte dessas duas, além de uma cena onde vemos o imperador do Império Galático ser informado sobre a situação da batalha, com direito a aparição da irmã do Reinhard com uma cara não muito feliz (o que nos deixará mais curiosos sobre ela do que uma mera citação, como na versão nova). Destaque para o momento belíssimo de direção onde ela aparece olhando as flores e tem uma rápida lembrança de quando estava segurando outras flores e dizendo para Kircheis (que ela chama de Sieg-kun) cuidar bem do irmão dela, e o flashback acaba focando no rosto de Kircheis criança mudando para o dele naquele momento, na nave.
     Também vemos outros homens do império assistindo a um holograma representativo da frota e alguns outros que terão importância mais tarde bebendo enquanto conversam sobre a situação. Fora uma melhor exploração dos recursos tecnológicos com o aparecimento de uma cama-tanque que permite sentir o equivalente a horas de sono em apenas uma (não que isso tenha muita relevância, mas esses e alguns outros detalhes são interessantes de se ver).

Como não amar este homem?
 
     Como eu havia dito, a atuação de voz de Mamoru Miyano está sendo um trabalho digno, mas dificilmente o nível de atuação de voz da versão antiga será alcançado. Já vi em torno de uns 400 animes (não é muito, mas também não é pouco) e se eu tivesse que fazer um top 5 de melhores atuações de voz pra mim, eu definitivamente teria que incluir o trabalho impressionante que Ryo Horikawa fez como seiyuu do Reinhard. Sem contar que Mamoru já é muito célebre e sua voz já é bem conhecida entre a comunidade mundial de fãs de anime por ter feito a voz de Light Yagami e muitos outros famosões, então dificilmente irão considerar este como um trabalho muito marcante dele. E os diálogos em geral são um pouco melhores no primeiro episódio da versão antiga na minha opinião. E ainda falando do aspecto sonoro: a trilha sonora do novo no geral está boa, apesar da abertura e o encerramento não passarem o mesmo "feeling" da versão de 1988. Achei exagero alguns gringos se referirem à trilha sonora como "genérica" após terem ouvido só uma OST solta alguns dias atrás.
     Falando em diálogos, as conversas entre Reinhard e Kircheis provavelmente serão a coisa mais polêmica do anime. Poucas fujoshis se interessavam pelo anime antigo, já este novo não só tem um visual que vagamente pode recordar coisas como Kuroko no Basket (por aqui já encerro a razão óbvia pela qual o visual desagrada muitos fãs da versão antiga) como os diálogos podem parecer um pouco suspeitos para as pessoas que querem ver yaoi em tudo. Não estou afirmando nada, mas coisas como subitamente falar sobre a altura do Kircheis, Reinhard pedir pra ele chama-lo pelo nome quando estiverem sozinhos e outros pequenos detalhes nas interações entre eles não passarão despercebidos pela audiência. Sempre foi um bromance, mas agora há mais brechas para suposições que, intencionais ou não por parte da produção, farão alguns fãs da versão antiga “tremerem na base” imaginando o que poderá aparecer daqui a alguns meses quando pesquisarem “Reinhard and Kircheis” no Google Imagens.
     O que posso destacar na nova versão é que definitivamente o final do episódio foi mais interessante, pois é de deixar qualquer um ansioso para ver o que estava começando a acontecer, enquanto na versão antiga o episódio terminou de uma forma até razoavelmente calma. Os confrontos entre as naves também parecem ser mais impactantes agora (eu não me importava muito com eles na versão antiga). A morte de um certo personagem (que não vou dizer quem é, mas não é ninguém relevante por si só, apenas ligado a alguém que será relevante) eu não consegui perceber direito se foi mostrada nesse primeiro episódio do anime novo, mas se foi, não recebeu muita atenção e passou como algo meio despercebido. Enfim, mesmo não achando a introdução da nova versão tão boa quanto a da antiga, eu não estou decepcionado por enquanto.

     É isso, espero que tenham gostado do post. Ainda vou pensar se farei ou não posts futuros comentando outros episódios do anime. O próximo post do blog provavelmente será sobre primeiras impressões de Cutie Honey Universe ou a minha opinião sobre tudo que assisti da temporada de Janeiro. Por ora me despeço.

PS: Acho estranho o lugar onde o Reinhard fica sentado agora ser dourado e brilhante. É visualmente bonito, mas tão sem propósito...